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  • Marisa Caxinguele

Trilha do Baepi


A mais desafiadora da ilha, pelo menos na minha opinião. Desde que cheguei aqui, eu olhava todos os dias para o pico do Baepi – tem um linda vista dele em frente à pousada e também da minha casa – e tinha a certeza de que um dia eu ia chegar ao cume!

São 7,4 km de trilha totalmente íngreme e o cume está a 1048 metros de altitude. Então requer um certo preparo, não recomendo se você estiver totalmente sedentário. Além disso, o Parque Estadual exige o acompanhamento de um guia/monitor ambiental (em dias de fiscalização não deixam subir mesmo). Apesar de ser uma trilha muito bem demarcada e sinalizada, e é muito recomendável ter alguém por perto porque, em caso de acidente (vai que você torce o tornozelo lá em cima) o acesso de resgate é difícil. Se pegar uma bifurcação errada, há risco sim de se perder e não tem sinal de celular. Sendo assim, eu enrolei bastante – mais de um ano – para subir!

Fui várias vezes no mirante que fica no início da trilha, o Baepizinho. São cerca de 30 minutinhos de caminhada e a vista dali já é maravilhosa. Adoro ir com o maridão, levar um vinho para comtemplar o espetacular pôr do sol! #muitoamorenvolvido. Uma dica, não esqueça a lanterna. Parece que o povo não sabe que após o pôr do sol começa a noite .... Como é uma trilha muito fácil nesse início, num sapezal, a descida com uma lanterna é bem tranquila.

O ideal para fazer a trilha do Baepi é um dia bem seco, porque a vista lá do cume pode alcançar grande parte da ilha (é lindo demais gente). Precisa levar muita água porque não tem nenhuma fonte, cachoeira, nada!!! Também é bom levar frutas, barrinhas, lanche (não vai deixar lixo no caminho, pelamor!!!) porque, meu, dá uma fome tremenda fazer essa trilha, é impressionante. Eu subi com uma hóspede canadense, a Clara, que ficou na pousada quase um mês e virou uma amigona para a vida. Fomos só nós duas, a Clarinha no auge dos seus 20 e poucos anos e eu velinha, porém tentando manter a forma com meus quase 50, mas acho que fui bem – tive de parar algumas vezes para respirar, comer alguma coisa e principalmente me hidratar. Sinceramente, achei que seria mais hard, a parte mais difícil mesmo é criar coragem para ir.

Como a trilha fica dentro de uma área de preservação ambiental na Mata Atlântica, a beleza natural é indescritível. Tem árvores gigantescas, algumas com cores muito diferentes (vermelho forte), outras com cipó retorcido... espetáculo. Um dia eu quero subir com algum biólogo, porque deve ter muita coisa em vias de extinção e raras. Também avistamos muitos animais no percurso, pássaros coloridíssimos, lagartos, grilos, borboletas, eu mesmo nunca tinha visto nada parecido.

O problema é que é uma trilha totalmente íngreme, é subida o tempo todo, de verdade. Não tem nenhum pedacinho reto. Como é mata fechada, você não tem a noção do quanto falta para chegar, você só sabe que subiu muito e não pode desistir (vai que só falta um pouquinho, né). Em alguns momentos eu tive a impressão de que eu tinha morrido lá embaixo (infartado sem perceber) e entrei num looping infernal de subida eterna, mas a Clara garantiu que estávamos bem vivas e que, sim, uma hora a gente ia chegar.

E chegar é um momento de emoções alucinantes, praticamente um orgasmo. Mistura a glória da conquista, a satisfação de superar o desafio, a felicidade de sentir que você está fisicamente apto apesar da dor nas pernas, a fome e sede, a vontade de chorar e a de vomitar ao mesmo tempo. Como é clichê, a gente não segura o grito quando chega lá!!!

Passado o momento da comemoração, sentamos na primeira pedra, que é menor, para contemplar a vista e fizemos praticamente um piquenique lá, toda felizona. Ai a Clara solta, “Marisa, tem uma cobrinha atrás de nós”, meu, quando eu olho, tem um cobra gigantesca, preta e amarela, olhando para nós. Quando eu viro, a Clara já tinha descido da pedra e estava indo embora. Fiquei mais uns segundos (pareceram uns 200 anos) para recolher tudo. Ai continuamos a trilha mais um pouco para pedra grandona que tem na sequência. Nem sei quanto tempo ficamos lá, desfrutando da nossa conquista maravilhosa. Como dizem, a primeira vez é inesquecível!

A descida foi bem mais tranquila, descemos rápido, em menos de duas horas. O que não foi tranquilo foram os dias seguintes, minha perna doeu muito, mesmo! De verdade.

Minha meta agora é levar meu marido, mas o Marcão vive dizendo que não está com o condicionamento físico adequado. Pra mim, é desculpinha, porque se formos em um bom ritmo, dá tranquilo.

Now, I will translate into English, so Clara can understand it. Pensando melhor, não vou não porque estou com preguiça e a Clara precisa treinar o português.


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